sábado, 9 de agosto de 2025

Mais um dia dos pais

Marina, Luiza.

Má e Lu. Meus dois amores perdidos.


Bom dia, porra!!

Tem uma influencer brasileira que fala isso. 

Acabo de chorar rios de lágrimas lendo a minha última carta que escrevi para vocês. 


Hoje acordei para falar com Deus. Deus me cutuca, mas não diz nada.

E talvez eu faça o mesmo para Ele. Não, nem sempre. 

Deus, meu pai, força motriz da criação, que dor é esta que Tu me deste para sentir, carregar e suportar. Que teve a coragem de me anunciar previamente, naquele dia de tempestade no qual mandou seu anjo gritar na porta da minha casa: 

"Lágrimas que vertem do coração".

Sabes que sei ser grato pela proteção que atribuis a mim neste vale de sombras e de mortes. E que cuido dos irmãos e irmãs que me destinas. Mas também sabes que jamais entenderei o Teu jeito de fazer as coisas. Apenas me curvo diante de Ti. Curvo-me e resigno-me diante dos teus desígnios. Mas não deixarei jamais de questionar Tua maneira de nos fazer aprender. A forma como fazes os irmãos pagarem seus pecados e como fazes parecer que o mal está triunfando. No dia que sentar na tua mesa para compartilhar do vinho e do pão entregue das Tuas mãos, hei de cumprimentar a Ti sorrindo, mas farei questão de questionar tudo. De novo. E sempre. 

Sabes que sou assim. Tu me fizeste assim. Um filho humilde, obediente, dedicado e bom. E rebelde.


A época é dura. Véspera de dia dos pais. Tô com o coração na mão.

Hoje tem festa. Noventa anos do tio Paulo. Vamos encontrar a família. Vocês nem sabe quem são. Independente de vocês saberem, ou se importarem, os parentes existem. E são importantes para mim. 

Tio Paulo é o irmão mais velho da vó Cida. Ele tá com 90. Minha mãe com 88. No mesmo compasso que comemoro a vida deles, longeva e ativa, saudável o suficiente e muito consciente, também tenho medo. Medo da dor que vou sentir quando eles se forem. A vó se tornou uma mulher muito querida para mim. Ela sempre foi dura, mas sempre foi mãe. Infelizmente, diante do curso natural da vida, essa perda vai acontecer. E que seja assim, do jeito natural. Eles antes de nós. Porque não quero que minha mãe sinta a dor de perder um filho. Ela já está morrendo hoje pelo medo disso acontecer com o tio Beto.

Que Deus as proteja, minhas flores. Que Ele escute a minha prece por vocês. 


Acordei mais cedo que o normal. 5h01. Os olhos abriram e não fecharam mais. 

Um som ecoava dentro de mim. Pensamentos enchiam minha mente. Tantas coisas soavam e ressoavam. Algo me movia.  

Vim para o computador. Finalmente, sentei e escrevi sobre a caminhada que fiz pelo no Caminho da Fé. Joguem aí no Google: caminho da fé paulista. Fiz um trecho curto, mas lindo. De Paraisópolis a Campos do Jordão. Ah, que delícia, credo (rsrsrsrsrsrs). Tem umas fotos no Instagram, Facebook. Olhem lá. Fui com a sua tia Inês, minha irmã querida, agora minha amiga, companheira e sócia. Minha mentora também. Não posso deixar de me sentir feliz pela fraternidade que temos. Como não me sentir feliz com a fraternidade que temos? Irmandade. Irmãos não somente de sangue. Irmãos de vida. Putz, isso é muito foda. Tomara que vcs sejam como nós. 

A Bia também foi. Vcs nem sabem quem é a Bia, né? Pois é. Bia era uma pessoa conhecida, amiga da tia Inês. Nos tornamos sócios - eu, ela e Inês - na faculdade. Na Sofia. No ISI/Sofia. Lá no começo, os três combinamos que iríamos fazer uma andança. Tá certo que era Santiago de Compostella, mas ainda não deu. De toda forma, fomos, agora, levados pelo Paulo, namorado dela. E foi tudo bem (menos para o pé da Bia). E foi melhor que Compostella. Foi o que tinha que ser. Acho que fechei esse ciclo. Finalizamos a sociedade, mas mantivemos a amizade. 

Como disse, tinha também o Paulo, o namorado da Bia. Um grande médico, com um imenso coração. E tinha também o Coronel Márcio, professor, militar, verdadeiro soldado e um homem bom. E tinha também a Anna, esposa do Márcio, fisioterapêuta e empresária, que tem casas de repouso e cuida de idosos com o mesmo amor e dedicação que eu sentia no Laços da Vida. E tinha também a Mabel, Maria Isabel, companheira desde a faculdade da Anna, fisioterapêuta de profissão e de alma. Pessoas de uma fé admirável no Pai. 

Caminhamos juntos. Três dias de paz e provações. Três dias focados, falando, revendo, olhando, sentindo, orando, contando. Nossa, quanta coisa pode acontecer em tão pouco tempo. 

Vencemos. Todos. 

Escrevi um poema, hoje, daquilo que senti.

Tomara que gostem.


"Jornadas"

Um dia saí para andar 

Achei que podia encontrar

Uma luz a iluminar

Uma mão que pudesse afagar

Uma palavra p’ra consolar

Alguém que valesse seguir

Depois de tanto caminhar

De tantos campos cruzar

De muitas montanhas subir

De precisar por vezes sentar

Da sede que o sol fez sentir

Da chuva que veio molhar

Da dor a me combalir

Não houve quem descobrir

Não teve o que revelar

Não achei o que fui procurar

Mesmo assim voltei melhor

Agucei ainda mais o olhar

Fiz o que tinha a cumprir

Se havia algo a temer

Nada me fez desistir

Os amigos a acompanhar

Irmãos para compartir

Ninguém a abandonar 

Tive tempo para pensar

Exercitei apenas o ser

Cruzei o mundo a sorrir  

Fui onde devia chegar

Fiz o que queria fazer

E vou até onde quiser

Até o limite cruzar

Grato por existir

Certo de algo a guiar



É isso, minhas filhas. Sei que nada sei. 

Não sei o que será de amanhã. Não sei se estarei por aqui. 

Sei que vou amar vcs. Ainda que não seja lembrado. 

Mas como não lembrar do pai ausente?

Como que se apaga uma marca genética?

Onde vcs estiverem, eu vou estar com vcs em meu coração. 

Por mais que eu chore, porque sei o que perdemos a cada dia que passa, eu tb estou curado, porque sei que a culpa não é nossa. 

Mas a mudança... a mudança depende da gente. 


Beijos meus amores. 

Beijos e abraços no coração.

Abraços sempre de urso. 

Que o DAD seja um bom pai para vcs.

Comemorem com ele sem dor. Eu não lhes desejo dores. Eu só lhes desejo o bem.

Tudo de bem e de bom. 

Eu não quero o amor de vcs só para mim. Eu sou aquele que deseja o amor de vcs também. 

Eu sou o seu pai. O pai que, sem querer, lhes jogou na vida.

Mas a Ana Canesqui me ensinou: a mãe põe no mundo; o pai apresenta o mundo. 

Fui o melhor pai que vcs poderiam ter... ausente... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Igualzinho o seu Alexandre!!!!!!!!!! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Gente, que humor que eu tenho... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk 

Tomara que das suas independências precoces nasçam mulheres valentes, fortes, cultas e bonitas. Mas não vale ser bonita só por fora, como vcs já são. Vcs precisam ser bonitas por dentro também, no íntimo, quando ninguém estiver olhando, só vocês. 

Fechar os olhos quando colocarem a cabeça no travesseiro e dormirem o sono dos justos. Ter paz.  

Suas asas já são muito mais fortes do que as minhas. Elas já as levaram muito mais longe do que eu jamais pensei para mim. Isso não é ruim. Isso é bom. Eu vi as fotos de vcs voando no Facebook do Dad, que apareceu para mim outro dia, e era público. E fiquei feliz pelas duas conhecerem tudo que eu sequer sonhei. 

Vocês voaram em 20,75 anos de existência o que 98% da população mundial jamais vai voar.  

É isso aí, girls: voem!    

Eu sou só orgulho, mesmo que nunca tenha ouvido nada de vocês. 

Feliz dia dos pais.
 
Amo vcs duas.  

   

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