domingo, 27 de março de 2022

A missa de ontem

Minhas filhas, bom dia. 

Realmente espero que estas palavras as encontrem bem e com saúde. 

Ontem tive um dia especial e lembrei muito de nós e da nossa relação. Tenho tentado encontrar dentro de mim uma verdadeira existência que seja alicerçada na fé em Deus. E sei que vocês tem tido uma experiência bastante grande junto a igreja de vocês, inclusive de forma missionária. Fico muito feliz com isso por vocês. 

Na minha concepção da experiência espiritual, a crença no ser divino que convencionamos chamar de Deus não deve ser uma vivência que se tem restrita nas parede da igreja (aqui entendida como a mera edificação do templo). Precisa ser alguma coisa que seja maior do que só palavras vazias que dizemos da boca para fora. É preciso que seja um impulso motivador e transformador. Crer em Deus, ter fé Nele e, no nosso caso, viver os ensinamentos do filho de Deus, Jesus, é ato de prática diária e fator que influencia em nossas pequenas ou grandes escolhas. 

E quando digo que a prática da espiritualidade precisa ser diária é porque entendo que precisamos sentir a força da fé em cada passo que damos no nosso dia. Gosto de pensar que Deus age nos meus encontros casuais, nos desfechos das situações, nas minhas atitudes e falas. Oro para Deus permitir que os homens se tratem como irmãos, para que cuidem da terra como se fosse seu jardim do Éden, para que todos tenham saciada a sua fome física e existencial e que a humanidade experimente em vida o amor ao próximo que Jesus nos ensinou. 

Acredito que eu seja uma pessoa boa. Eu me esforço mesmo para ser. O fato de ser bom não significa que eu não erre. Há algum tempo tenho buscado encontrar dentro mim o verdadeiro sentimento da fé em Deus. Achar o sentido que Deus quer que minha existência tenha. Sempre acreditei numa força condutora divina que atue nesse nosso mundo terreno, nesse nosso plano. Acredito, em especial, na existência concreta do bem e do mal também e na reflexão acerca de nossas condutas. 

Contudo, confesso, tenho certas "mágoas" com Deus. E vou na igreja, por vezes, para "brigar" com Deus por tem virado as costas para o seu filho.  

Claro que, quando realmente penso bem e me dispo do meu imenso individualismo, olha ao meu redor e vejo que Ele jamais deixa de cuidar de mim. Mesmo nas dificuldades. E mesmo que eu seja um filho pródigo, Ele é um pai misericordioso, que sempre está pronto a me receber de braços abertos e dar todo seu amor, proteção e palavras de conforto e orientação. Ele é o pai que dá paz ao coração aflito de seu filho. O pai que eu não tenho. 

Ontem o evangelho na missa foi sobre a parábola do filho pródigo. Nos dias atuais, a Igreja não enfatiza como antes a atitude do filho pródigo, mas sim busca enaltecer a conduta amorosa que o pai misericordioso teve para com seu filho. Longe de mim querer me comparar a um pai que mereça louros e deva ser louvado e enaltecido. Mas ontem aquela parábola teve um sentido diferente na minha vida.  

Da mesma maneira como entrei ontem na casa de Deus e Ele me acolheu nos braços com amor, proteção e palavras de consolo, quero que vocês, minhas filhas amadas, semente da minha despercebida existência nesta terra, saibam que atrás da porta da minha casa há um mundo que as espera para celebrar seu retorno, repleto de incompletudes, mas muito mais infinitamente transbordante de amor, carinho, proteção e palavras de acolhimento e carinho. 

A importância de vocês e a saudade que sentimos é algo que só o um abraço vai fazer com que entendam quão grande é o tamanho da falta que as duas fazem.

Viver em Deus requer a experiência prática diária do amor ao próximo, da misericórdia e do perdão. 

Deus não quer famílias destruídas e separadas. Pensem nisso.

Bom domingo, um beijo amoroso e um abraço sempre de urso.

Papai Maurício

domingo, 6 de março de 2022

Um pedido de contato

Meninas, olá.

Escrevi esse título em 30/01/22 e deixei como rascunho.

Era para ser uma carta falando sobre o que eu estava sentindo nesse momento de extremo afastamento que estamos vivendo. Desde então, não consegui escrever mais nada. Não consegui escrever uma única frase no dia e nem nos dias seguintes. Até agora. E hoje quase que me "obriguei" a escrever para vocês. A minha tristeza e o vazio que sinto acerca do que a nossa relação se transformou devido ao distanciamento voluntário de vocês duas está matando meus sentimentos. Matando minhas lágrimas, minha saudade, minha dor, meu impulso de contato, minha irresignação com essa falta de contato e resposta das duas. 

Só não mata meu amor. 

Tenho me sentido muito afastado sim. É quase como uma vergonha de fazer contato, já que nunca sou atendido. Há, também, a decepção com o comportamento das duas, de me negarem uma conversa. Sei que essa conduta lhes é ensinada, mas a dureza das duas já está se incorporando na personalidade nessa altura do seu desenvolvimento.   

Acredito que Deus não esteja orgulhoso desse comportamento. Julgar sem conhecer toda a verdade. Dar as costas ao próprio pai. São atos que vão reverberar na vida toda de vocês. 

 

Hoje escrevei uma mensagem para as duas. É só para dizer que continuo por aqui. 

"Boa noite, meninas. Espero que vcs estejam bem. Eu tenho pensado muito em vcs. Ao mesmo tempo, não sei mais como ter contato com as duas. Sinto que as duas se mantêm habilidosamente fechadas a mim. Há algumas semanas tenho sentado para escrever uma carta, mas simplesmente não consigo. Já não tenho mais palavras e lágrimas. Não sei mais o que as duas pensam. Vocês se tornaram propositadamente uma foto na minha parede. E eu não sou nem isso para vcs. O que eu acho mais triste é não ter o direito de ao menos ouvir de vocês o motivo de tanto distanciamento. É triste não ser atendido pelas filhas, e não receber uma ligação também. Vcs não me dão o direito de conversar sobre as coisas. Sobre coisas boas ou sobre problemas. Acho estranho que eu não tenha possibilidade de saber o que vcs pensam também. Essa barreira que se colocou entre nós três é de uma tristeza sem tamanho. Amo vcs duas e estarei sempre aqui esperando um contato. Beijos e fiquem com Deus".  


Olhei o Instagram de vocês. Nunca entendi o por quê não me aceitaram na sua rede social. Ou aceitarem e depois excluírem. 

Querem me apagar da sua vida??

Por que????????